Mochileiro no Vietnã!

Mais um visto na mão e deixei Seam Reap, capital do Camboja, para atravessar a fronteira e chegar ao Vietnam.

Sempre tive curiosidade de conhecer o Vietnam e, apesar de saber que ele teria muitas belezas e surpresas a oferecer, a imagem que sempre vinha à minha cabeça era a da guerra com aquela foto da pequena vietnamita correndo nua e dos ciclistas que usam aquele chapéu diferente em forma de cone. Sim, eles tem isso tudo, mas tem muito mais!

O aperitivo veio pelo sul, onde, em Ho Chi Min (antiga Saigon), maior cidade do país, já pude me deslumbrar com o país.

Tirei aquela madeira do chão e olhei o buraco. Pensei: não vou conseguir entrar aqui de jeito nenhum. Mas entrei. E enquanto engatinhava na total escuridão tocando as paredes de barro, buscando o caminho correto, pensava na fantástica vitória dos Vietnamitas contra os Estados Unidos, em busca da independência do país. Eu estava em Cu Chin, distrito ao sul de Ho Chi Min (antiga Saigon), onde as tropas de norte americanos e aliados, na década de 70, foram derrotados pela inteligência do povo do Vietnam.

Os túneis de Cu Chi escondem uma cidade debaixo da terra. Quilômetros de passagens que ligavam diversos cômodos e abrigavam doze mil cidadãos e vietcongs da região. Além dessa grande obra de engenharia, diversos tipos de armadilhas, feitos com materiais simples, estavam espalhados pela região para capturar os soldados inimigos, que, mesmo armados até os dentes, viravam presa fácil em um ambiente tão inóspito.

Foram poucos minutos na escuridão daquele minúsculo túnel, mas a sensação de estar debaixo da terra escutando os passos e a fala de quem está acima do solo e indescritível. Apesar de alguns furos estrategicamente encobertos arejarem (um pouco) as passagens, eu só fiquei mais tranqüilo e feliz quando voltei ao meu ambiente, acima da terra.

Mais feliz ainda, fiquei ao conhecer o Delta Mekong, porção de natureza também no sul do Vietnam, que mostra a paz e um pouco da beleza do país. Lá uma população ribeirinha vive e se sustenta através da pesca, agricultura, artesanato e do turismo.

Aquele velho senhor de olhos puxados, pele enrugada e poucos dentes na boca, remava tranquilamente conduzindo a canoa pelos igarapés que se espalham por Mekong. Ele usava uma surrada camisa azul e aquele chapéu típico vietnamita. Vez ou outra ele se virava e dava um sorriso, provavelmente por que eu também não parava de sorrir e não conseguia fazer o meu chapéu parar na cabeça. Que vontade de saber falar o idioma dele e saber um pouco da vida daquele homem, que além de carregar marcas e cicatrizes evidentes, devia carregar muita história.

Saltei da canoa e acenei a ele. Mais um sorriso e lá fui eu, saber como o doce da folha do côco era feito, ouvir um pouco de música local e receber uma mansa cobra no pescoço (coisa que não acontecia desde a Tailândia). Tudo parte da cultura local.

Nessa primeira impressão, vi que o povo vietnamita é trabalhador e carrega muita dor pela guerra, onde mais de três milhões de pessoas (sendo dois milhões de civis) morreram e outros seiscentos mil ficaram feridos ou simplesmente não foram encontrados. Mas apesar de tudo isso, se orgulham de terem vencido e conquistado sua liberdade. Isso é visto nos olhos deles!

Salto para dentro do ônibus “Open Tour” que me levará até o norte do Vietnam com algumas paradas. É hora de conhecer mais sobre esse lindo país!

Serviço: 

Ônibus Open Bus – compra-se uma passagem com paradas em várias cidades do país (de acordo com a preferência). Vale por 2 meses e basta apenas seguir os horários de saída dos ônibus. Marca-se a viagem seguinte com 1 dia de antecedência e o preço varia de acordo com o número de paradas e o tipo de ônibus (viajar deitado ou sentado). O meu bilhete custou U$ 40 com 4 paradas e escolhi o que pude deitar.

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