Mochileiro das Maravilhas em Machu Picchu!

Deixei o Canadá e, além da minha mochila, trouxe uma boa gripe. Doente na reta final? Nada disso, mesmo não gostando, parti para os remédios, afinal mais uma Maravilha me esperava! 

Logo na Imigração, um policial já me lembrou que eu estava de volta à América do Sul: “Brasileiro? O Inter está ganhando dos argentinos!”, disse o oficial, me informando o resultado da final da Copa Sulamericana. Agradeci a informação e pensei “É, estou mais perto de casa!”.

 

Plaza Mayor, em Lima

 

O calor humano e os sorrisos continuaram sendo oferecidos pelas ruas de Lima. A capital peruana me surpreendeu. Sempre ouvi dizer que era feia e maltratada. Mas não foi isso que vi. As ruelas de Barranco, bairro boêmio freqüentado por intelectuais e artistas, são pra lá de charmosas. Miraflores, a região mais turística, esbanja cores e alegria, além do forte movimento do comércio. O centro da cidade é limpo e conservado. O Peru é um dos países mais católicos do mundo e a quantidade de igrejas e conventos não deixa ninguém duvidar disso.

O carinho de uma família de amigos brasileiros e as panelas de uma peruana boa de cozinha que trabalha para eles me fizeram melhorar da gripe e deixar Lima com saudades. Lembrarei sempre disso tudo e dos sabores do Arroz Chaufa, Ají de Gallina e Causa. Mas era hora de me mover no Peru e buscar a mais famosa Maravilha do continente.

Cusco é a porta de entrada para uma das regiões arqueológicas mais ricas do planeta. A região, ocupada pelos Incas entre os séculos XII e XV, abriga verdadeiros tesouros. A cidade oferece boa infra-estrutura turística e de lá saem ônibus e trens para toda a região, inclusive para Machu Picchu.

 

Plaza de Armas, em Cuzco

 

Tomei um chá de coca oferecido no albergue e melhorei do Soroche, o tal do mal da altitude. Segui, então, para o pequeno terminal local de ônibus e viajei por 1h30, montanha abaixo, até chegarem Urubamba. Delá, uma van me levou a Ollantaytambo, onde, finalmente, peguei o trem que seguiu até Águas Calientes, pequeno vilarejo que está na boca da Maravilha do Peru.

Sempre fico ansioso às vésperas de visitar uma Maravilha e gosto muito dessa sensação. No Peru, isso parecia ainda mais forte. Talvez por sempre sonhar em conhecer esse local, isso aconteceu e, desde quando pisei em Lima, minha cabeça já estava em Machu Picchu.

Às cinco da manhã já estava de pé. Olhei pela janela e o tempo estava feio. O céu, cinzento, tinha muitas nuvens que cobriam parte da montanha que fica de frente a Águas Calientes. Não desanimei, peguei minha mochila e segui para a saída do ônibus. Os trinta minutos de ziguezague montanha acima revelaram o que esperava por mim. Alguns pedaços de céu azul começaram a aparecer e as nuvens se moviam rapidamente.

 

Mochileiro em Machu Picchu

 

Entrei em Machu Picchu e, desde então, foram aproximadamente oito horas de sorrisos e deslumbramento. Não havia quase ninguém e parecia que eu estava descobrindo aquele lugar. O berço da história Inca estava ali, à minha frente, e a grande montanha Wayna Picchu, que sempre aparece nas fotos da cidade, parecia uma grande pedra de gelo seco, totalmente envolvida por nuvens.

Foi um momento mágico. Aquele lugar parecia realmente não existir. Eu estava deslumbrado e o que vi ao meu redor entrou para as imagens mais marcantes da minha viagem. Aqueles cinco minutos iniciais já valeriam por tudo, mas o dia estava só começando.

Atravessei a cidade e fui em direção a Wayna Picchu. Apenas 400 pessoas podem subir a montanha por dia e o horário também é regulado. Fui o 55º e comecei a caminhada, primeiro descendo e depois subindo – a segunda parte, bem maior. Após certa altura, já seria possível ver Machu Picchu de um outro ângulo, isso se as mesmas nuvens que antes tinham dado espetáculo, não encobrissem minha visão. Cheguei ao topo e, junto com outros viajantes, esperamos, até que as nuvens foram definitivamente embora e a “Velha Montanha” (tradução para Machu Picchu em quíchua – principal idioma Inca), ficou aos nossos pés.

 

 

Depois disso, nada mais mudaria a incrível experiência que tive. O tempo poderia fechar e cair uma chuva de granizo. A paz que eu sentia e a alegria de estar naquele local sagrado foram inigualáveis. Desci a montanha parando para tomar água e registrar cada ângulo daquela Maravilha. Já novamente dentro de Machu Picchu, parei para fazer um dos melhores cafés da manhã da minha viagem e então parti para explorar cada pedacinho da cidade.

Apesar de saber que apenas 30% da cidade é de construção original, não tem como não se deslumbrar. É uma obra perfeita de engenharia, a 2.500 metros de altura, rodeada de montanhas, às margens do Rio Urubamba e com verde por todos os lados.  A praça principal, o relógio do sol, o templo do condor, a torre, a casa do guardião e o observatório, junto com as dóceis lhamas que passam o dia circulando e posando pra fotos com turistas, compõem essa Maravilha que nunca sairá da minha cabeça e que pode esperar pelo meu retorno.

Margeando os Andes e atravessando um grande deserto, vou ao Chile. Lá, a muitos quilômetros da costa, no centro do Oceano Pacífico, está o que chamam de “Umbigo do Mundo”. A Ilha de Páscoa é a minha última escala antes de voltar ao Brasil.

—————————————————–

Veja também:

Mochileiro na Ilha de Páscoa!

Guia completo do Atacama

Mochilão na Muralha da China

 

 

 

Booking.com