Florianópolis por outros ângulos!

Quando a proposta é conhecer um outro lado de Florianópolis, explorando novas e diferentes experiências na Ilha da Magia, o coração de um viajante já bate mais forte. Se a ideia ainda inclui um mergulho no Turismo de Experiência, que estimula o envolvimento com as comunidades locais, contato com a história com os hábitos dos nativos, aí fica irresistível.

E foi com essa expectativa que entrei no avião para mais um encontro com Floripa, capital do estado de Santa Catarina e uma das 3 capitais insulares do Brasil, ou seja, “capitais-ilha”, como Vitória, no Espírito Santo, e São Luis, no Maranhão. Aliás, essa questão de ilha é realmente importante para a cidade e para a identidade dos moradores, já que Florianópolis é também considerada a 10a Ilha dos Açores – arquipélago português formado por 9 ilhas – de onde partiram os colonizadores. E o grande impacto da imigração açoriana ficou bem claro logo na primeira atividade do dia seguinte à minha chegada, que eu conto agora.

 

Dia 1 – O mar é protagonista

Jurerê Beach Village
Jurerê Beach Village

Depois de um jantar de alto padrão no restaurante Z Perry, do hotel Jurerê Beach Village, e de uma noite de sono embalada pelo som das ondas quebrando na praia, deixei o hotel em direção ao Mercado Público de Florianópolis, onde a Cláudia, típica manézinha da ilha, me esperava para mostrar o local e, de quebra, fazer as compras para o menu que serviria em seguida, essa é a primeira etapa da chamada Rota Paladares da Décima Ilha, experiência desenvolvida por ela para compor o projeto Turismo de Experiência – Santa Catarina em Todos os Sentidos. Num passeio pelas lojas e pelo entorno, selecionando legumes, ervas e outros produtos, ela contou um pouco sobre a história da cidade e a influência da cultura açoriana, tão bem preservada em Floripa que uma parceria além-mar está sendo criada com o governo local para resgatar hábitos e costumes que já se perderam nos Açores. Caminhando pela Av. Conselheiro Mafra chegamos ao restaurante Conselheiro do Paladar, que a Cláudia toca com os filhos. É lá que ela abre as portas da cozinha para que os turistas preparem pratos

típicos, como a Estopa, um cozido de carne de arraia muito comum no litoral catarinense, normalmente acompanhado de pirão d’água e farofa de banana. E com essa iguaria montada em uma marmita de barro, ela me leva para fazer um picnic em frente à ponte Hercílio Luz, cartão postal da cidade.

 

Restaurante Conselheiro do Paladar
Restaurante Conselheiro do Paladar

 

Devidamente alimentado – de comida, cultura e simpatia – encontro a equipe da Ecoexperiências, agência especializada em passeios sustentáveis, que valorizam as comunidades locais e a preservação ambiental. A experiência da vez leva o nome de Um Dia Inesquecível e eles me levaram para conhecer a Reserva Extrativista Marinha de Pirajubaé, na Baía Sul da ilha. Lá eu conheço famílias de pescadores artesanais que vivem da coleta do berbigão, também conhecido como marisco branco ou vôngole. A Costeira do Pirajubaé é um paraíso ecológico de aproximadamente 1,444ha que atravessei em uma das embarcações utilizadas para o trabalho diário de pescadores como o Sr. Aristides Raulino, que além de apontar os mangues, o Rio Tavares e outras belezas do trajeto, ainda conta muitos “causos”, como a história de quando se apaixonou pelo mar e seguiu um caminho diferentes de seus pais e avós, que eram agricultores: – “Eu caí de amores pelas águas e isso se tornou minha vida”. Depois de ouvir essa declaração da boca de um homem empenhado em proteger a região e os recursos marinhos, ainda pude participar da tarrafada, que é o lançamento da rede de pesca no mar e comer mais um peixinho com pirão, porque né… é parte da tradição!

 

Reserva Extrativista Marinha de Pirajubaé
Reserva Extrativista Marinha de Pirajubaé

 

 

E se vocês pensam que a comilança acabou, estão enganados! De lá eu saí para o Ribeirão da Ilha para conhecer o Ostra Experience, onde além de ver uma fazenda de ostras e todo o processo de cultivo ainda participei de uma degustação com espumantes e cachaças produzidos na região. Uma verdadeira festa!

 

O tempo gasto no ônibus veio em boa hora para relaxar até chegar no Projeto Tamar, onde além de uma bela explicação sobre a conscientização de visitantes, pescadores e comunidade, sobre a preservação das tartarugas marinhas, ainda pude participar da alimentação e da hora do banho desses animais fantásticos!  Apesar de não ter visitado as praias, tão conhecidas dos brasileiros e estrangeiros de todo o mundo, a relação com o mar foi o ponto alto desse primeiro dia. No fim dele, um passeio de barco na Barra da Lagoa cruzou o canal e alcançou o mar pra ver o pôr do sol. A experiência é chamada de Homem do Mar. Não poderia ser diferente e não poderia ser melhor. Na parte da noite eu embarquei no Floripa by Bus – um open bus de qualidade internacional com diversos roteiros para conhecer a ilha. À noite a opção é o Luzes da Cidade, que passa pelo Centro Histórico e diversos outros pontos turísticos. E esse mesmo ônibus ainda me levou pra provar um dos jantares mais diferentes que já encontrei! Era a Experiência da Terra ao Prato.

 

Projeto Tamar
Projeto Tamar

 

Sabe o que é canapé de “PANC”? Pois é… Plantas Alimentícias Não Convencionais. Imagina um quitute de folha de batata doce? Pois tinha e estava bom, viu? Já ouviu falar de “Ora-Pro-Nobis”? Essa folha é um super alimento, extremamente rico em proteína e que já foi chamado até de “bife dos pobres”. Informação importante para veganos e vegetarianos, mas que vale também para quem come de tudo. Pois quem serviu tudo isso e mais caponata de beringela, sorbet de limão com calda de morango e uma infinidade de outras iguarias foi o Jardim do Rancho, um espaço de eventos em meio à natureza que pratica gestão sustentável e consumo responsável em parceria com outros pequenos produtores da região de Ratones. E foi assim que eu terminei um dia completamente diferente em Florianópolis: bem alimentado e de cabeça fresca pra encarar outra rodada de exploração da capital catarinense.

 

Dia 2 – Barro, Praça da Igreja e Corredeira do Rio

 

Acordar cedo na praia ou quando a gente sabe que a aventura vai ser boa… fica mais fácil! Pois antes das 8 horas eu já estava na estrada para conhecer o município de São José, que fica a cerca de 6km de Florianópolis. Se eu estava com fome, Deus ouviu minhas preces! Uma mesa de café da manhã de fazenda espera os turistas no ateliê Meninas da Terra, que abrem as portas para a experiência A Magia do Barro. Café com bolo e muita prosa pra contar a histórias dessas 3 meninas que se conheceram na Escola de Oleiros de São José. Ela é a única escola de oleiros da América Latina e oferece cursos gratuitos há mais de 20 anos para cerca de 190 alunos. É mantida pela prefeitura e o objetivo é manter viva essa arte que já foi símbolo da cidade, chamada de Capital da Louça de Barro no passado.

 

Ateliê Meninas da Terra
Ateliê Meninas da Terra

 

 

IMG_3151Depois de criar os filhos, se aposentar ou nas horas livres, as 3 amigas mantém o ateliê que criaram depois de quatro anos do curso Figurativo e Torno. Mas a conversa boa, a vista linda e o ambiente acolhedor não são as únicas atrações. A melhor parte é quando elas convidam pra colocar a mão na terra! Nesse momento o visitante pode confeccionar objetos de barro usando o torno ou ainda pintar peças já prontas que serão levadas para casa. Vou dizer que essas horas foram uma terapia.

 

Dali fui para o centro de São José, típico de cidade pequena, com igreja, coreto e… biblioteca! Lá encontrei uma das figuras mais carismáticas do passeio: Dona Regininha. Vestida à moda açoriana ela faz sua parte na experiência História para Todos  e reúne seus alunos ao redor de uma mesa para confeccionar a Abayomi, uma bonequinha que as mães escravas faziam para os seus filhos nos navios negreiros e senzalas. Elas arrancavam pedaços de tecidos da roupa e faziam bonecas apenas com nós. A palavra Abayomi significa “aquela que traz felicidade” – o que faz sentido, jáque a intenção era alegrar as crianças expostas àquele sofrimento. Na tradição africana eles confeccionavam Abayomis como amuletos de proteção espiritual. Toda essa etapa foi explicada em libras pela agência Floripa Freetour, especializada em turismo para pessoas com deficiências.

 

Pulando da arte para o esporte, a próxima parada foi o município de Santo Amaro da Imperatriz, onde está localizado o Apuama Rafting que promove a experiência de EcoRafting em um trecho do Rio Cubatão. O brilho nos olhos da proprietária enquanto explica a atividade é o mesmo que vai estar estampado nos olhos de cada visitante no final do passeio de bote pelas corredeiras. Cláudia Laurent deixou Foz do Iguaçú para viver na região e abraçou a ideia de fomentar o turismo ecológico e de aventura com muita garra. Tanto que incentiva todo mundo a confeccionar “bombas de sementes” para pulverizar as margens do rio com diversas espécies. Foi impagável descer no mesmo bote que ela e ver a alegria com que ela divide a experiência com os turistas, remando e usando o estilingue pra bombardear a propriedade.

 

Muita adrenalina no nosso rafting
Muita adrenalina no nosso rafting

 

 

Banho quente tomado, mais um cafezinho garantido e pé na estrada. O caminho até Biguaçu serviu para descansar antes de chegar ao Museu Etnográfico – Casa dos Açores e dar de cara com uma surpresa: uma encenação emocionante sobre a história da capoeira, que se mistura ao triste episódio da escravidão na história do país. Com jogos de luz, canto e muita ginga, professores e alunos do projeto Capoeira na Escola surpreendem os turistas, que participam jogando e tocando instrumentos. Uma confraternização entre pessoas de todas as origens em um local que já presenciou momentos de opressão à população negra. O dia estava chuvoso, a noite caiu e, então, cachaça com caldinho de feijão pra encerrar o dia e essa imersão na pluralidade de Florianópolis e região. Dessas experiências que cansam o corpo mas ficam gravadas na mente e na alma.

 

Florianópolis
Florianópolis

 

 

 

O que mais?

  

Além das atividades descritas acima, algumas outras experiências envolventes fazem parte do projeto Turismo de Experiência – Santa Catarina em Todos os Sentidos, promovido pelo SEBRAE-SC em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo de Florianópolis e a Fundação Municipal de Cultura e Turismo de São José.  

 

Pequenos empresários e produtores se desenvolvem a partir de suas histórias e costumes, criando atividades nas quais o turista é o personagem principal. Outros exemplo dessas experiências, são:

 

  • a visita ao Projeto Tamar de Florianópolis, na qual o visitante participa da Hora do Banho e Alimentação Interativa;

o mergulho com a Equipe Água Viva Mergulho com Identificação de Espécies Marinhas;

Mais informações

Restaurante Conselheiro do Paladar (Paladares da 10a. Ilha)
(48) 3225-6111

vwww.conselheirodopaladar.com.br

 

Ecoexperiências (Um Dia Inesquecível)
(48) 9138-0951

www.ecoexperiencias.com.br

 

Floripa Xperience  (Ostra Experience)

(48) 3333-4684

www.floripaxperience.com.br

 

Projeto Tamar Florianópolis
(48) 3236-2015

http://www.www.tamar.com.br

 

Água Viva Mergulho
(48) 3369-9003

www.aguavivamergulho.com.br

 

Apino Turismo (Homem do Mar)
(48) 3039-140
www.apino.com.br

 

By Bus Turismo (Luzes da Cidade)

(48) 3239-8966

www.floripabybus.com.br

 

Pousada Favareto
(48) 3369-2003

www.pousadafavareto.com.br


Meninas da Terra (A Magia do Barro)

(48) 3244-6225

www.facebook.com/meninasdaterra   

 

Jardim do Rancho
(48) 9972-3225

www.jardimdorancho.com.br

 

Apuama Rafting  

(48) 3245-7602

www.apuamarafting.com.br

 

Associação Cultural Capoeira na Escola
(48) 9655-4991

www.capoeiranaescola.com.br

 

A viagem a Florianópolis foi um convite do Sebrae – SC

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