Flona, a floresta do Pará

Flona - Floresta Nacional do TapajósA vida tava boa, a praia de rio maravilhosa, mas eu queria ver mais da Amazônia verde, da mata, das árvores e das pessoas que viviam dela e nela, então, no quarto dia, resolvi rumar à Flona, Floresta Nacional do Tapajós, à beira do rio de mesmo nome e a aproximadamente 50 km ao sul de Alter do Chão. De moto-táxi (após perder o ônibus por uma informação errada), cortei caminho até Belterra e consegui alcançar o coletivo que faz o roteiro diário até a comunidade de Jamaraquá.

Chegando lá, conheci Dona Conceição, um anjo em forma de gente. Simples, simpática, sorridente e uma cozinheira de mão cheia!

Ela me recebeu de braços abertos e logo eu já estava acomodado, na minha rede, de frente pro rio, escutando os sons da maior floresta do planeta!

Após um ótimo almoço, saí pra caminhar e fui até o Igarapé próximo.

À noite, após um merecido (e frio) banho, jantei com toda a família da Dona Conceição. Ela, Pedrinho (marido) e mais filhos, netos, sobrinhos… todo mundo reunido. Comida ótima, papo melhor ainda e muitas risadas, até a noite fechar totalmente e eu me recolher. Confesso que naquele breu total, dormindo no lado de fora, na rede, os barulhos da floresta me “assustaram” um pouco, mas logo caí no sono e foi uma das noites mais relaxantes da minha vida.

Fim de tarde em Jamaraquá

Acordei bem cedo, logo com os primeiros raios de sol. Novo em folha e, após o café bem gostoso, seguimos pra mata. Fomos em três: eu, Luiz (filho mais velho da Dona Conceição e guia local), além do primo Domingos, que passava férias por lá. Direto pro coração da Flona. Mata secundária, trilhas, várias árvores interessantes e alcançamos a mata primária após aproximadamente 1h30 de caminhada pela floresta!

Os destaques, sem dúvida, foram a rede feita de cipós (que foi direto pro meu álbum de fotos de redes sociais, lógico), o mirante da Flona que tem uma vista espetacular e a grande, fantástica, incrível e linda Samaúma, a maior árvore da Floresta Amazônica que tem mais de 60 metros de altura e quase mil anos! Indescritível e emocionante! Dei um longo abraço em um pedacinho dela e depois fiquei só apreciando… deixando o tempo passar, pensando em milhares de coisas, lembrando momentos tão especiais quanto era aquele até que Luiz soltou um “vamos?” meio baixinho, tímido, respeitoso, mas que me alertava que a gente já tinha ficado bastante por lá… confesso que nem sei quanto tempo foi, mas nem senti passar. E poderia ficar muito mais…

Samauma

De volta à casa da Dona. Conceição, um belo almoço nos esperava. Peixe fresco pescado no Tapajós, arroz com feijão e frutas de sobremesa. O que eu poderia querer além disso? A minha rede! Foi pra lá que eu fui tirar um cochilo antes de começarmos o passeio da tarde…

IgarapéAcabei dormindo pouco. Fechar os olhos lá é um desperdício. Saí para uma caminhada pela praia (sem entrar na água, pois muita gente me alertou com relação às arraias que costumam ficar no raso) e depois me juntei aos companheiros Luiz e Domingos novamente, de volta ao igarapé do dia anterior, mas agora para um passeio de canoa.

O barulho do remo na água era só o que se ouvia. Vez ou outra, o bater de asas de uma ave que se assustava com a nossa aproximação e animais no meio da floresta, lá longe. Um passeio muito tranquilo, que terminou (lógico) com mais um banho de água doce e clara.

Voltamos pra “casa” e era hora da despedida. Parecia que eu tinha passado pelo menos uma semana ali. Parecia que eu já conhecia a família há meses e por outro lado, já de volta ao ônibus, não sabia se e quando os veria novamente!

Dona Conceição e euAté breve e muito obrigado, foi o que eu disse a Dona Conceição, mantendo o adeus de viajante e recebendo aquele sorriso de ponta a ponta que ela não cansa de distribuir!

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Veja também:

A primeira parte da viagem à Amazônia!

A chegada em Alter do Chão

O episódio da Amazônia em vídeo no UOL!

 

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10 thoughts on “Flona, a floresta do Pará

  1. Hélio Shiino

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    Nunca tinha ouvido falar desta Floresta Nacional dos Tapajós. Conheço pouco ou quase nada da Região Norte.

    Fui pesquisar a localização e curiosamente, se não pesquisei errado, a Floresta Nacional dos Tapajós não está compreendida dentro dos limites da Floresta Amazônica. Coincide também com suas informações??? Uma parte da área dos Tapajós faz intercessão com uma parte da área da Amazônica.

    Através do que ou de quem você soube desta Floresta?

    Foi assim mesmo como mostra a imagem, de chinelo, que você adentrou a Floresta? (risos) Não há risco de pisar em algum animal peçonhento? (risos)

    Estava muito quente e muito úmido ou é apenas impressão minha?

    A Dona Conceição tem hospedagem ou é apenas uma residência de família que te recebeu?

    1. Daniel Thompson

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      Olá Hélio, tudo bem. Estava sentindo falta dos seus comentários!

      A Flona faz parte da Amazônia sim. Ela está perto ao sul de Santarém,já no estado do Pará, quase no centro da área que compreende a Bacia Amazônica e a floresta em si.

      Eu já tinha ouvido falar sobre a Flona e peguei mais informações em Alter do Chão.

      Não, de chinelo apenas na região do vilarejo de Jamaraquá e no igarapé. Dentro da floresta, na caminhada, sempre de calçado para trilhas. Viu o vídeo? Lá aparece melhor! Ah, é muito úmido por lá!

      A Dona Conceição recebe viajantes na pousada dela e na casa também.

      Abraços!

  2. Eloisa Alves Casimiro

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    Oi Daniel,
    Estou indo fazer esse passeio de barco de Manaus / Santarém, e claro, Alter.
    Dá para comprar passagem de barco na hora?
    E, tem como dormir em alguma casa na floresta, na Flona! Ou outra?
    Valeu, gratidão ,
    Eloisa Casimiro

  3. Adria Maia

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    Eu amo esse lugar – Flona do Tapajós !!!!

    Sou de Santarém e sempre que posso vou lá !!!

    é uma pena que muita gente aqui em Santarém não conheça esse Paraíso !!! Super recomendo !!! S2

    1. Oi Adria! Obrigado pela visita e comentário!
      Pois é, uma pena pouca gente conhecer, mas quem sabe assim o lugar dura mais, né?!
      Eu mesmo, se fosse daí, iria muito a esse paraíso! Aproveite, pois você é uma sortuda!
      Boas viagens! 😉

  4. Luana Aguiar Lourenço

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    Olá Daniel! Estou indo pra Alter do chão agora em fevereiro. Gostaria de saber como você fez pra dormir na dona Conceição. Você fez uma reserva previa ou só quando chegou la na comunidade? Vi que precisa de autorização do ICMbio. Fiquei na duvida se reservo antes ou se posso chegar la e conseguir na hora. Grata!

    1. Luana, desculpas pela demora na resposta!
      Espero que ainda sirva pra você…
      Eu fui direto lá! Vale perguntar em Alter do Chão sobre ela, pois quando eu estive na região, não tinha contato fácil com a Dona Conceição! A autorização pode ser na entrada mesmo. o ônibus para na guarita e você resolve na hora! 😉
      Aproveite!

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